Geração Z e a Solidão Invisível: Como a Falta de um “Terceiro Lugar” Está Afetando Nossa Saúde Mental

A ausência dos chamados “terceiros lugares” pode estar por trás do aumento da depressão entre jovens da Geração Z. Descubra como isso afeta sua saúde mental e por que resgatar esses espaços é tão importante.

Muito além do burnout e do TikTok: entenda por que espaços como cafés, bibliotecas e até praças públicas podem ser a chave para o equilíbrio emocional da Geração Z e Alpha

Desde que a Geração Z deu seus primeiros passos na vida adulta e começou a se inserir no mercado de trabalho, um alerta vermelho tem piscado com cada vez mais força: os níveis de depressão, ansiedade e esgotamento emocional estão disparando. Mas será que o problema está apenas nas condições econômicas e profissionais atuais? Ou estamos ignorando um fator silencioso, mas crucial?

A resposta pode estar em um conceito antigo, porém pouco discutido: o terceiro lugar.

O que está faltando para a Geração Z se sentir realmente bem?

Foi nas redes sociais que o jovem Christian Bonnier reacendeu um debate que rapidamente viralizou, ultrapassando 600 mil visualizações. Em seu vídeo, ele resgata a teoria do sociólogo Ray Oldenburg, proposta no livro The Great Good Place, de 1989. A ideia? Existe um “terceiro lugar” além da casa e do trabalho – um espaço social, de convivência e conexão – que tem desaparecido na vida dos jovens, e isso pode estar diretamente ligado ao colapso emocional dessa geração.

Entenda: o que é o “terceiro lugar” e por que ele importa?

Segundo Oldenburg, nossa vida gira em torno de dois lugares principais:
1. Casa (vida pessoal)
2. Trabalho (vida profissional)

Mas para manter o equilíbrio emocional e a saúde mental, precisamos de um terceiro espaço – neutro, acessível e social – onde possamos ser apenas nós mesmos, relaxar, trocar ideias e criar conexões sem a pressão do desempenho ou da intimidade familiar.

Como ele diz em sua obra:

“Seu terceiro lugar é onde você pode relaxar em público, onde você encontra rostos familiares e faz novos amigos.”

Esses locais incluem cafés, bibliotecas, praças, bares, clubes de hobbies, igrejas e até lavanderias comunitárias. O ponto é que são espaços onde a interação acontece naturalmente, sem obrigação, sem algoritmos, sem a obrigação de “performar”.

Geração Z: conectada, mas cada vez mais solitária

Apesar de viver online, a Geração Z enfrenta um tipo de isolamento ainda mais cruel: o isolamento emocional. A internet conecta, mas nem sempre acolhe. Likes não são abraços. Stories não são conversas. E por mais que o feed esteja cheio, o coração pode estar vazio.

Segundo estudos da Universidade de Georgetown, a falta de interações físicas espontâneas pode causar solidão crônica, elevar o nível de cortisol (o hormônio do estresse) e aumentar o risco de doenças cardiovasculares.

E isso não é tudo: a ausência de um terceiro lugar real dificulta o surgimento de novas amizades, trocas interpessoais ricas e até o senso de comunidade – pilares fundamentais para a saúde mental e emocional.

Os desafios dos “terceiros lugares” no mundo moderno

Hoje, ir a um café pode ser caro. Um rolê na praça pode parecer inseguro. E bibliotecas estão fechando por falta de incentivo. Ou seja, o acesso aos terceiros lugares está cada vez mais limitado – seja pelo fator econômico, seja por falta de estrutura urbana que incentive a convivência.

Um estudo da Universidade de Michigan destacou que esses espaços são subestimados e pouco explorados como recursos de saúde pública, mas que o desaparecimento deles pode gerar consequências devastadoras.

E o “terceiro lugar” digital? Será que serve?

É tentador pensar que plataformas como Discord, TikTok ou Twitch substituem esses ambientes. Mas a teoria de Oldenburg vai além da simples troca de mensagens. Ela fala sobre presença física, espontaneidade, linguagem corporal, empatia real.

Nos ambientes digitais, somos constantemente expostos a bolhas, a conteúdos filtrados por algoritmos, e raramente escapamos do ciclo da comparação. Para que algo funcione como terceiro lugar, precisa existir a possibilidade de sermos quem somos, sem julgamentos e fora da lógica da produtividade ou da estética.

Por que isso importa tanto para a Geração Z e Alpha?

As novas gerações cresceram em um mundo hiperconectado, mas desconectado das interações humanas reais. E o impacto disso vai muito além do tédio social: transtornos de ansiedade, burnout precoce, depressão e sensação de vazio existencial são apenas a ponta do iceberg.

Reintegrar o conceito de terceiro lugar à rotina pode oferecer uma válvula de escape essencial para o cotidiano, que muitas vezes parece esmagador. Esses espaços incentivam o apoio mútuo, o pertencimento e o desenvolvimento emocional.

O que podemos fazer agora?

🔹 Reocupar os espaços públicos: Parques, centros culturais e bibliotecas devem ser revitalizados e usados como ambientes de encontro e troca.
🔹 Criar comunidades reais: Grupos de leitura, rodas de conversa, clubes de arte e esporte são formas práticas de reconstruir os terceiros lugares.
🔹 Desconectar para reconectar: Diminuir o tempo de tela e dedicar-se a experiências presenciais é um passo simples, mas transformador.
🔹 Defender políticas públicas: Apoiar projetos de urbanismo social que valorizem a convivência e criem ambientes acessíveis para todos.

O futuro é coletivo – e começa no agora

Se quisermos uma geração mais saudável emocionalmente, precisamos resgatar o senso de comunidade. A Geração Z e Alpha têm tudo para liderar essa mudança, criando uma nova cultura onde o encontro, a empatia e o afeto saiam das telas e voltem para as ruas, os parques, os cafés e as calçadas.

O caminho para uma vida mais leve talvez não esteja num app novo ou numa rotina de produtividade extrema. Talvez esteja num banco de praça, num papo despretensioso ou num clube de jogos no bairro.

📢 E você, qual é o seu terceiro lugar?
Comenta aqui onde você se sente mais você. Vamos construir juntos uma rede real – fora da bolha.

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