Cansados do esgotamento emocional dos apps de namoro, jovens recorrem a especialistas em matchmaking para redescobrir conexões reais — com histórias bizarras, desafios e muita reflexão sobre o amor na era digital.
Um novo capítulo para o amor na era digital
Se você é da Geração Z, tem por volta dos vinte e poucos anos e já se viu exausto de tentar encontrar o amor online, você definitivamente não está sozinho. Aquela cena clássica — sofá confortável, taça de vinho na mão, amigos em volta e o celular pronto para deslizar para a direita ou para a esquerda — pode parecer divertida, mas, na prática, costuma ser frustrante, solitária e até mentalmente desgastante.
A pergunta que paira no ar é sempre a mesma: “Será que vou encontrar alguém de verdade algum dia?”
E é aí que entra uma solução inesperada e ousada: os casamenteiros profissionais.
Matchmaking: o retorno romântico que ninguém esperava
Esqueça aquela ideia ultrapassada de que matchmaking é coisa de novela turca ou de série antiga. Estamos falando de especialistas reais, com estratégias personalizadas e promessas de tirar qualquer um do limbo emocional dos aplicativos. Em tempos onde o ghosting virou rotina, esses profissionais surgem como uma espécie de antídoto para o cansaço digital.
Com o sucesso de produções como Indian Matchmaking da Netflix e filmes como The Materialists, a profissão ganhou os holofotes novamente — e nós, da uBOOM, resolvemos conversar com duas das maiores referências do ramo em Londres para entender o que está por trás dessa nova tendência amorosa.

Superficialidade ou solução? O dilema do amor filtrado
Será que contratar um casamenteiro transforma a busca por amor em uma espécie de entrevista de emprego emocional, como sugerem os críticos? Ou será esse o ingrediente secreto que faltava para redescobrir a profundidade de um relacionamento verdadeiro?

Lara Besbrode, fundadora da agência The Matchmaker, compartilhou alguns dos pedidos mais peculiares de seus clientes:
“Certa vez, um cliente nos pediu para encontrar alguém que se parecesse exatamente com uma celebridade específica. Outro queria alguém que nunca tivesse usado um aplicativo de namoro, o que, no mundo de hoje, é como encontrar um unicórnio.”
A profissional atua há anos nesse mercado — e cobra de algumas centenas de libras por consultorias até £25 mil por uma experiência completa de matchmaking de luxo. Mas, para ela, o verdadeiro valor está na transformação emocional.
“Acho que os pedidos mais surpreendentes são os profundamente pessoais, como encontrar alguém que nunca se apaixonou aos 40 anos. É aí que você percebe que as pessoas não estão apenas procurando encontros, elas estão procurando transformação.”
Os bastidores (reais e hilários) do matchmaking moderno
Também conversamos com Siobhan Copland, fundadora da Cupid In The City, uma agência com preços mais acessíveis — mas com histórias igualmente inusitadas.
“Quanto mais você cobra, mais ridículos os pedidos ficam”, brinca Copland.
Ela relembra de um cliente que tentou processá-la porque, segundo ele,
“as mulheres não eram ‘gostosas o suficiente’.”
Apesar do tom cômico, as situações revelam um cenário sério: muita gente está perdida no mundo do amor, fazendo exigências absurdas por medo de se decepcionar — ou por pura falta de autoconhecimento.
Copland também fala sobre a superficialidade dos julgamentos nos aplicativos:
“Apresentei um cara que tinha uma startup de lazer. Ela viu no LinkedIn que ele era ‘Gerente Geral’ e o dispensou, achando que ele não estava no nível dela. Mas o plano dele era vender a empresa por oito dígitos. Isso um app nunca mostra.”
Ela completa:
“Os aplicativos não dão uma segunda chance. É só deslizar, julgar e seguir em frente. Na minha função, faço os clientes reconsiderarem. Às vezes, quem não é o seu ‘tipo’ pode ser a melhor combinação.”
Amor em 2025: branding, filtros e conexões reais
Lara Besbrode acredita que, hoje, namorar é quase uma mistura de marketing pessoal com realidade emocional:
“Namorar em 2025 é parte romance e parte exercício de branding, desde selfies filtradas até ostentação de estilo de vida no Instagram.”
Para ela, o matchmaking moderno vem justamente para quebrar esse ciclo:
“As pessoas mais inteligentes e emocionalmente conscientes vêm até nós. Estão cansadas de encontros rasos e do vazio emocional. Não é sobre substituir o namoro. É sobre evoluir o jeito como nos conectamos.”
E a Geração Z com isso?
Será que os jovens realmente precisam de um matchmaker? A resposta talvez não seja unânime. Para muitos, os custos ainda são um obstáculo. Mas para quem tem renda disponível e está disposto a investir na própria jornada amorosa, o matchmaking pode ser a forma mais real e eficaz de sair do looping tóxico dos apps.
E talvez — só talvez — essa seja a faísca que faltava para reacender a vontade de amar.
Considerações finais: o amor não morreu, ele só está se reinventando
A Geração Z e Alpha, nascidas no meio digital, estão descobrindo que a conexão humana ainda é insubstituível. Os casamenteiros profissionais, com empatia, escuta ativa e estratégias humanas, estão criando pontes onde antes só existia swipe.
Se você já se cansou da superfície e está pronto para mergulhar de verdade — talvez o amor esteja te esperando fora da tela.