Fundadora da Odd Muse enfrenta a fúria digital após ser acusada de fast fashion disfarçado de sustentabilidade — o TikTok está mesmo ditando o futuro da moda?
No universo frenético das redes sociais, o TikTok se tornou muito mais do que uma plataforma de vídeos curtos — é um verdadeiro tribunal digital, onde reputações podem ser construídas… ou completamente desmoronadas. E foi exatamente esse o cenário em que Aimee Smale, fundadora da marca britânica de moda Odd Muse, se viu recentemente.
Com apenas 27 anos, Smale não só criou uma marca que conquistou as jovens britânicas com peças elegantes e minimalistas, como também utilizou o TikTok para compartilhar sua jornada e inspirar outras mulheres empreendedoras. Sua narrativa girava em torno de um propósito claro: valorizar o estilo atemporal, investir em qualidade e fugir do fast fashion. A proposta era atrativa — e autêntica — até que tudo virou de cabeça para baixo.
A treta começou quando a criadora de conteúdo @plzdontbuythat, conhecida por expor práticas questionáveis na indústria da moda, publicou um vídeo detonando a Odd Muse. Segundo ela, bastaram 42 segundos navegando no site da marca para perceber que a Odd Muse não é tão slow fashion assim.
“Conheci a marca Odd Muse esta semana e ela [Smale] adora descrever a empresa como ‘slow fashion’ e ‘sustentável’. Mas é tudo fachada”, disparou a influencer, acrescentando que 95% dos vestidos vendidos são feitos de poliéster de alta qualidade — o que, segundo ela, não condiz com o conceito de “peças de investimento”.
Para a criadora, o discurso da marca é puro marketing. “É tudo marketing, é tudo besteira, não é regido por nenhuma lei, as pessoas podem dizer o que quiserem. E, obviamente, funciona.”
A crítica viralizou e, com isso, o TikTok que antes impulsionava a Odd Muse passou a colocá-la na berlinda. Aimee Smale, visivelmente incomodada, respondeu nos comentários: “Essa é uma declaração absurda”, e ainda afirmou que contas como a da crítica seriam “a queda do TikTok”. O que seguiu foi uma troca pública e intensa de opiniões, onde a fundadora tentou se defender, mas acabou alimentando ainda mais o debate.
E como era de se esperar da internet — especialmente do público da Geração Z e Alpha — os comentários não demoraram a explodir. Alguns internautas concordaram com as denúncias da influenciadora, enquanto outros acharam a abordagem exagerada e até tóxica.
“Garota, entendo seu ponto de vista, mas esses vídeos antigos parecem bem desagradáveis”, escreveu uma usuária. Já outro comentou: “Você tem muito conhecimento na indústria da moda, mas a forma como está expondo a Odd Muse parece ser apenas para ganhar visualizações.”
O caso se tornou mais do que uma discussão sobre tecidos ou preços. O debate levantou questões profundas sobre ética na moda, responsabilidade de influenciadores, e até onde vai o poder do cancelamento digital. Afinal, até que ponto uma crítica é construtiva — e quando ela se torna apenas mais uma briga por atenção?
Em uma tentativa de limpar sua imagem e mostrar transparência, Aimee compartilhou os dados da auditoria da BSCI (Iniciativa de Conformidade Social Empresarial), reforçando que a marca segue práticas éticas. No entanto, a resposta de @plzdontbuythat veio rápida, destacando que nem todos os detalhes da auditoria haviam sido divulgados.
Apesar da tensão, muitos concordam que esse tipo de exposição pode — e deve — gerar discussões importantes sobre como as marcas de moda precisam ser cada vez mais transparentes, principalmente quando falam com públicos jovens que priorizam propósito e coerência.
Ainda assim, é impossível não se questionar: até onde vale a pena travar essas batalhas publicamente? A cultura digital tem sede por verdades, sim, mas também consome dramas como entretenimento. E nesse jogo, a linha entre responsabilidade e espetáculo pode ser muito tênue.
A história de Aimee Smale mostra como o sucesso nas redes pode virar um campo minado. E para marcas emergentes como a Odd Muse, manter a autenticidade e a coerência pode ser mais importante do que seguir tendências. Em tempos de vídeos virais e julgamentos instantâneos, ser verdadeiro talvez seja o único luxo que realmente importa.