Por que a Geração Z Está Virando as Costas para a Tecnologia? O Peso do Burnout em um Mundo Exausto

A Geração Z está abandonando carreiras em tecnologia por medo do burnout e em busca de mais equilíbrio, propósito e bem-estar. Descubra o que está por trás dessa virada de chave profissional.

Na era da inteligência artificial e das big techs, os jovens estão preferindo propósito, saúde mental e estabilidade a salários altos e escritórios com escorregadores.

Durante muito tempo, trabalhar com tecnologia era sinônimo de sucesso, estabilidade e bons salários. Para muitos, era o “emprego dos sonhos”, principalmente nas gigantes como Google, Apple e Meta. Mas essa realidade está mudando – e rápido. A Geração Z, formada por jovens nascidos entre 1997 e 2010, está dizendo “não” ao que antes era o topo do desejo profissional. E o motivo? Burnout, estagnação e busca por bem-estar.

A nova geração cresceu hiperconectada, acostumada com notificações constantes, cobranças por produtividade e metas inatingíveis. Mas agora, em um movimento inesperado, essa mesma juventude está batendo o pé e reavaliando suas prioridades. Se antes o objetivo era “chegar no topo” de uma Big Tech, hoje o foco é outro: viver bem e com saúde mental preservada.

O declínio do sonho tech: quando o brilho do Google já não encanta mais

Você lembra de quando trabalhar no Google era praticamente um troféu? Pois é, em 2017, ele ainda ocupava o primeiro lugar na lista das empresas mais desejadas para se trabalhar. Agora, segundo novas pesquisas, caiu para o sétimo lugar. A Apple, antes também líder de interesse, aparece em nono.

O que aconteceu nesse intervalo de poucos anos?

A resposta está nas mudanças culturais. O home office, que parecia ser a revolução pós-pandemia, está sendo restringido. Os antigos “mimos corporativos” — tipo escorregadores no escritório ou mesas de sinuca — perderam o efeito. A Geração Z quer mais do que isso. Ela quer liberdade, tempo de qualidade e saúde mental.

Entendendo o burnout: o que está afastando os jovens da tecnologia?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o burnout é uma síndrome causada pelo estresse crônico no ambiente de trabalho. Ele se manifesta em três níveis: exaustão emocional, queda de desempenho e uma sensação de desconexão ou apatia em relação ao próprio trabalho.

Hoje, estima-se que 12 bilhões de dias de trabalho sejam perdidos todos os anos por conta de depressão e ansiedade no mundo. E adivinha quem está mais vulnerável a isso? Os jovens.

A Geração Z cresceu ouvindo que precisava produzir, inovar, correr atrás e estar online 24h por dia. Viu demissões em massa, metas inalcançáveis e jornadas exaustivas. Não é surpresa que mais da metade deles tema se esgotar mentalmente ou se sinta sem perspectivas de crescimento real.

Diferente das gerações anteriores, essa juventude aprendeu a dizer “chega” mais cedo. E está disposta a abrir mão de status para preservar o que realmente importa: o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

Profissões em alta: onde a Geração Z quer realmente trabalhar?

Ao abandonar o brilho das big techs, os jovens estão direcionando seus olhares para áreas que entregam propósito, estabilidade e impacto real. A pandemia da COVID-19 teve um papel central nisso, colocando a área da saúde no radar de muitos.

Profissões como enfermagem, psicologia, fisioterapia e outras ligadas ao bem-estar mental e físico cresceram em interesse. De acordo com levantamentos recentes, 32% dos jovens demonstram interesse em atuar em hospitais e centros de saúde.

Outro setor que ganhou força entre os mais jovens é o serviço público. Trabalhar em cargos governamentais deixou de ser algo “careta” e passou a ser visto como sinônimo de estabilidade, segurança financeira e benefícios de longo prazo.

Além disso, áreas como construção civil e manufatura — que estão sendo renovadas com a chegada da automação e da inteligência artificial — também começam a chamar atenção. São setores que oferecem desafios técnicos, mas com uma pegada mais concreta e menos tóxica.

Um novo modelo de sucesso

O conceito de sucesso está mudando. A Geração Z não quer ser só “bem-sucedida”. Ela quer ser feliz, saudável, presente e realizada. As novas métricas envolvem tempo para descansar, liberdade de escolha e saúde mental preservada. Isso significa que um cargo em uma big tech, com salário de seis dígitos, pode sim ser rejeitado se ele vier acompanhado de pressão constante e esgotamento.

Estamos diante de uma transformação geracional importante. Onde o foco deixa de ser “chegar lá” e passa a ser “viver bem enquanto se chega”. E talvez isso seja, no fim das contas, a verdadeira inovação que o mundo do trabalho precisava.

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