Uma nova geração está moldando o futuro profissional com propósito, tecnologia, liberdade e impacto social — e suas escolhas estão longe de serem previsíveis.
A Geração Z e a Geração Alpha estão traçando caminhos profissionais bem diferentes das gerações anteriores. Cheias de atitude, conectadas desde o berço e com uma visão crítica sobre o mundo, essas gerações estão mais interessadas em propósito, diversidade e flexibilidade do que apenas em status ou salários altos. Uma pesquisa recente do Instituto da Oportunidade Social (IOS) revelou quais são as áreas que mais atraem os jovens atualmente — e as respostas surpreendem.
Geração Z quer mais do que um crachá: quer propósito
A pesquisa “GenZ além dos rótulos” conversou com 929 jovens entre 15 e 29 anos, moradores de São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Minas Gerais. Todos são alunos ou ex-alunos dos cursos oferecidos pelo IOS. O resultado? Um retrato fiel da juventude brasileira que está prestes a dominar o mercado de trabalho — e quer fazer isso do seu jeito.
Mais da metade (64%) desses jovens sonha em liderar na área que escolheu estudar, e 40% já planejam empreender. Mesmo diante de desafios, como o fato de 69% ainda não terem concluído o ensino médio, 88% dessa parcela manifestaram o desejo de continuar os estudos.
O recado é claro: essa geração não está interessada apenas em seguir ordens. Eles querem liderar com empatia, aprender constantemente e impactar positivamente o mundo.
As carreiras mais desejadas: entre códigos, criatividade e conexão humana
A pesquisa destacou que a tecnologia é, de longe, a área que mais desperta o interesse da juventude. Mas isso não se limita apenas a programação. Os jovens também estão de olho em desenvolvimento de games, web design e tudo o que envolve criatividade digital.
Logo atrás, aparecem áreas como marketing, publicidade, administração e psicologia — mostrando que a geração também valoriza a comunicação e o entendimento humano.
A gerente de operações do IOS, Alecsandra Neri, destaca um ponto poderoso:
“Os Gen Z querem trabalhar em locais e setores que valorizem a diversidade e equidade, o que contribui para um desejo crescente dessas jovens a promoverem a mudança.”
Uma mudança importante também vem acontecendo no setor de tecnologia: o interesse crescente das meninas. 55% dos alunos dos cursos de TI do IOS são mulheres, desmistificando a ideia de que tecnologia é uma área “masculina”.
A história inspiradora de Catiuscia Centeno
A estudante Catiuscia Centeno, de 19 anos, ilustra bem esse movimento. Ela cursa Sistemas para Internet no Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e compartilhou sua trajetória com a CNN:

“Minha jornada com a tecnologia começou quando tinha 17 anos, então não faz muito tempo. Entrei em um curso de programação web, onde tive meu primeiro contato com programação. A tecnologia, que era algo que normalmente usava como hobby, acabou se tornando a área em que quero trabalhar”.
Para ela, tecnologia vai além de uma profissão. É uma ferramenta de transformação social:
“Gosto de programar e posso usar o meu conhecimento para ajudar outras pessoas. O código que estou fazendo hoje pode ajudar 10 mil pessoas amanhã. É isso que me impacta quando falam em tecnologia para mim”.
Esse senso de impacto coletivo está profundamente presente entre os jovens entrevistados. 76% consideram essencial que as empresas em que pretendem trabalhar sejam guiadas por valores como respeito, ética, sustentabilidade e transparência.
Liderança humana, empresas inclusivas e autonomia
Ao contrário do que muitos acreditam, os jovens ainda enxergam o trabalho formal como uma opção valiosa. Segundo Alecsandra Neri:

“Os jovens dão preferência a oportunidades de trabalho formais, e em modelos como CLT (51%), que ofereçam perspectivas de crescimento (67%) e segurança financeira, especialmente para o jovem periférico vindo de escola pública”.
Mas o diferencial está na forma como eles querem trabalhar. Flexibilidade é a palavra de ordem. O modelo mais desejado é o “anywhere office”, onde é possível trabalhar de qualquer lugar. Para 38%, isso é fundamental. Apenas 17% preferem o home office total e 13% optam pelo presencial completo.
Além disso, 47% afirmam que é importante ter horários de entrada e saída bem definidos, principalmente porque muitos ainda estudam ou pretendem concluir o ensino médio.
Empreender também é sonhar em grupo
O estudo também revelou que empreender não é só sobre ganhar dinheiro — é sobre liberdade, autonomia e conexão com pessoas próximas. 40% dos jovens sonham em abrir o próprio negócio, e muitos querem fazer isso ao lado de amigos e familiares.
Essa forma de ver o empreendedorismo está ligada a um modelo de liderança diferente. 71% admiram líderes que são acessíveis, que conversam sobre a vida além do trabalho. Apenas 7% se identificam com chefes autoritários e distantes.
O que tudo isso significa?
Significa que a Geração Z e Alpha estão moldando um novo jeito de trabalhar — onde propósito, impacto social, equilíbrio emocional e flexibilidade não são bônus, mas pré-requisitos. Eles buscam empresas com alma, que enxerguem o talento jovem como uma potência transformadora.
Se você é empreendedor, gestor ou educador, vale o alerta: ou você evolui junto com essa nova geração, ou vai ficar para trás.