Quando Jovens Criticam Jovens: Geração Z em Cargos de Liderança Expõe Conflitos no Ambiente de Trabalho

A Geração Z finalmente assumiu posições de liderança, mas um estudo revela que até os próprios jovens estão achando difícil trabalhar com sua geração. Entenda os motivos por trás desse choque de gerações entre iguais.

A geração que prometia reinventar o mercado agora se vê dividida entre ambições, inseguranças e críticas internas

A nova geração de líderes está descobrindo que trabalhar com pessoas da mesma idade pode ser mais difícil do que parecia. E quem diria que a Geração Z, conhecida por desafiar padrões, seria a primeira a apontar o dedo para si mesma?

O cenário parece contraditório, mas é real: jovens que recentemente chegaram a cargos de gestão já estão expressando frustrações com o comportamento de outros jovens.

Segundo uma pesquisa conduzida pelo Resume Genius com 625 gerentes de contratação nos Estados Unidos, 45% dos entrevistados disseram que a Geração Z é a mais difícil de lidar no ambiente de trabalho. E pasme: esse mesmo número se mantém entre os gerentes que também são da Geração Z.

Durante anos, vimos líderes mais velhos criticando a postura dos mais jovens: falta de ambição, resistência a jornadas exaustivas, excesso de sensibilidade emocional.

Mas agora, o discurso ganha uma camada ainda mais complexa — quando o julgamento parte de pessoas que compartilham o mesmo grupo geracional.

Geração Z está se cobrando mais do que imaginávamos

O que era para ser apenas uma pesquisa sobre preferências de recrutamento — como o tempo gasto analisando currículos (57% dos gerentes gastam de 1 a 3 minutos nessa tarefa) ou o modelo ideal de apresentação (54% preferem currículos de duas páginas) — virou um retrato claro do conflito interno da juventude no mercado de trabalho.

Quando questionados sobre qual geração tem mais chance de se destacar profissionalmente em 2025, os millennials (Geração Y) lideram com 45% de aprovação, superando a Geração Z, Geração X e os baby boomers.

Já quando a pergunta se inverte — qual é a mais difícil de trabalhar — a Geração Z volta a liderar negativamente, com os mesmos 45%.

Mais curioso ainda é o fato de que, entre os próprios chefes da Geração Z, esse percentual também se repete. Isso mostra que os jovens não estão apenas sendo criticados, mas também estão se autoanalisando e reconhecendo seus próprios desafios no ambiente corporativo.

Mentiras na entrevista: um sintoma do medo e da insegurança?

Um dado que chama atenção na pesquisa é o comportamento dos jovens recrutadores durante entrevistas. A Geração Z é a que mais admite mentir para candidatos — 96% mais do que os gerentes da Geração X.

O motivo? Segundo os próprios entrevistados, 80% dizem que mentem para proteger informações da empresa ou para manter o controle da situação. Já 40% confessam que fazem isso com frequência, o que revela uma falta de preparo ou até um receio em lidar com a transparência e a pressão do cargo.

Por que a Geração Z é vista como um desafio no trabalho?

Apesar das críticas, a Geração Z tem desempenho positivo em vários aspectos, ficando atrás apenas de alguns millennials em avaliações gerais.

A diferença está na percepção — e ela parece estar profundamente influenciada pelo contexto social e econômico atual.

A pandemia da COVID-19 privou muitos jovens da experiência presencial no trabalho. Isso afetou desde a prática de falar em público até a socialização com colegas em escritórios físicos.

Em vez disso, muitos se acostumaram com ambientes remotos e isolados, o que criou lacunas significativas em habilidades interpessoais.

Empresas de tecnologia já perceberam esse desafio. Gigantes do setor têm investido em treinamentos específicos para a Geração Z, com foco em autoconfiança, comunicação em grupo e desenvolvimento de liderança emocional.

Isso revela não só uma tentativa de adaptação, mas também um reconhecimento de que os jovens têm potencial — mas precisam de orientação.

A raiz do problema pode ser mais profunda

Quando um gerente jovem critica outro jovem por falta de comprometimento ou profissionalismo, talvez o problema não esteja apenas no comportamento individual, mas sim em um sistema que não preparou essa geração para os desafios do trabalho real.

Ao mesmo tempo em que a Geração Z exige mais qualidade de vida, equilíbrio emocional e propósito, também se vê pressionada a lidar com expectativas inalcançáveis, crises econômicas e sobrecarga digital. Esse paradoxo pode ser o verdadeiro vilão dessa história.

A Geração Z está tentando se entender — e tudo bem

Não é contraditório que a Geração Z critique a si mesma. Na verdade, isso mostra maturidade e autorreflexão. Jovens líderes estão percebendo que crescer exige mais do que discursos disruptivos — é preciso desenvolver empatia, aprender com os erros e adaptar-se às necessidades de um mundo em constante transformação.

Por isso, ao invés de rotular a Geração Z como “difícil”, talvez devêssemos encarar esse momento como uma fase de crescimento coletivo.

Afinal, se os próprios jovens estão identificando os problemas, quem melhor do que eles para liderar as mudanças que o mercado tanto precisa?

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Link externo sugerido: BBC – Understanding Gen Z at Work

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